"Tenha em mente que tudo que você aprende na escola é trabalho de muitas gerações. Receba essa herança, honre-a, acrescente a ela e, um dia, fielmente, deposite-a nas mãos de seus filhos." (Albert Einstein)

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sábado, 3 de outubro de 2009

LINGUAGENS: USO PEDAGÓGICO DO GIZ (DO GIZ???)


A combinação giz + lousa ainda é o instrumento tecnológico de maior uso no país e continuará a sê-lo por um loooooongo tempo.

Também é evidente que esse artigo tem um “quê” de sarcástico, afinal parece bobagem falar do uso pedagógico desse nosso velho conhecido bastão de gesso, calcário e água. Porém, dada a repercussão de um outro artigo meu, intitulado “E agora, Mestre Giz?”, e para deixar claro que o uso do giz e da lousa não é algo de todo ultrapassado e que, além disso, exige muito mais “conhecimento pedagógico” do que se pensa, resolvi então levar adiante a tarefa de discutir o uso pedagógico do giz (e, consequentemente, da lousa).

O giz que normalmente utilizamos é obtido de uma mistura de calcário (CaCO3, ou carbonato de cálcio), gesso (CaSO3, ou sulfato de cálcio) e água (H2O). O giz colorido conta também com algum pigmento de cor e o modelo antialérgico conta com camadas plastificadas. Há modelos mais modernos de giz feito com outros componentes, como o talco de silicato hidratado de magnésio, tipos de gesso ortopédicos e outras formulações. O essencial, no entanto, é que todo giz atenda à sua principal função: escrever em uma lousa. Mas escrever o quê? Esta é a grande questão!

Alguns professores imaginam que o giz seja um instrumento de “cópia de textos” e o utilizam intensivamente preenchendo lousas e mais lousas com textos que podem ser encontrados em livros, revistas ou jornais. Mas esse não é um uso pedagógico para o giz e para a lousa, pois o aluno não aprende nada quando copia textos da lousa usando lápis e caderno, tanto quanto também não aprende quando copia da Internet usando Ctrl+C & Ctrl+V. Para acessar textos de consulta o aluno deve possuir material didático, quer seja na forma de livro, apostila, revista, jornal, acesso à Internet ou outras mídias, digitais ou não, à biblioteca da escola ou qualquer outro meio de armazenamento de informações. A lousa e o caderno no aluno não são espaços de armazenamento de informações. Mas o que são então?

Todo professor sabe, ou deveria saber, o conteúdo da disciplina que leciona. Mas o professor não é apenas uma “coletânea de informações” sobre sua especialidade, ele é muito mais que isso, ele é um “organizador e um gerenciador de informações”. Ele não detém apenas a informação, ele detém também as relações entre as informações, os conceitos, competências e habilidades que deseja ver desenvolvidos nos seus alunos. É para isso que serve, essencialmente, o giz, a lousa e o caderno do aluno: para que o professor possa organizar informações de forma didática e com uma seqüencialidade, uma estética e uma logística relacional que permitam ao aluno compreender as relações entre as muitas informações que ele pode acessar por uma infinidade de outros meios.

Embora a frase acima pareça um pouco “sofisticada”, o que ela quer dizer é que o giz serve para fazer esquemas didáticos, anotações, organogramas, tabelas, mapas conceituais, infográficos, fluxogramas, ilustrações, etc., que tornem mais claras as relações entre as muitas informações que os materiais didáticos e o professor trazem para os alunos. A lousa é o espaço natural de “esquematização e representação” do professor e o giz é o meio de “impressão simbólica” de conceitos e relações, nada além disso.

Se o professor dispõe de um notebook e um datashow, ou uma lousa digital, e preparou uma aula usando uma ferramenta como o CmapTools para criar um mapa conceitual explicando as relações entre folhas, caule e raízes de uma planta, resumiu informações em uma apresntação de slides, fez uma busca no YouTube e encontrou lá um pequeno vídeo ou animação mostrando os caminhos de circulação entre os nutrientes da planta, então ele poderá simplesmente projetar seu mapa conceitual, explicá-lo, ajudar os alunos a compreender essas relações e depois ilustrar isso dinamicamente projetando seus slides e o vídeo. Talvez até lhe sobre tempo para levar uma pequena planta para a sala de aula e então mostrar, ao vivo e a cores, essas diferentes estruturas em um microscópio ou com uma lupa.

Mas se ele não tem nada disso à sua disposição, então terá que ser capaz de desenhar na lousa um esboço de planta, indicar essas relações, usar setas e gizes de diferentes cores para diferenciar seiva bruta de seiva elaborada, “desenhar os seus slides”, etc. Ele também precisará de um mapa conceitual e de ilustrações, só que terá que desenhá-los ele mesmo na lousa. Depois poderá usar sua teatralidade e a imaginação dos alunos para lhes fazer entender como isso se processa dentro de uma planta de verdade. É óbvio que isso é possível e foi assim mesmo que muitos de nós aprendemos sobre esse assunto quando estávamos na escola.

A única diferença é que substituindo o giz e a lousa por um notebook e um datashow, ou uma lousa digital, as coisas ficam mais fáceis, mais rápidas, mais belas, mais claras, mais simples de serem construídas e entendidas e permitem ao professor um tempo maior para ele fazer aquilo que lhe caracteriza como profissional da educação: ajudar o aluno a compreender melhor e despertar-lhe ainda mais o interesse pela aprendizagem, e não meramente atuar como um “copiador de textos na lousa”; o professor é alguém cujo conhecimento vai além do texto didático e dos materiais de apoio, é alguém que pode levar o aluno um passo adiante de onde o aluno pode chegar sozinho.

Então, se você é um professor que ainda está preso unicamente ao uso do giz e da lousa, isso não quer dizer que não poderá ajudar seus alunos a aprenderem, mas apenas que terá um pouco mais (talvez “muito” mais) trabalho para organizar e apresentar informações, conceitos e relações. Terá menos tempo, precisará ser mais teatral, deverá ter algum talento artístico para desenhar bem e terá que dedicar um tempo muito maior na preparação das suas aulas. Mas esse é um preço que nossos professores já pagaram um dia, quando não dispunham de tecnologias digitais, e podemos continuar pagando até dispormos delas ou nos propusermos a usá-las.



Essa é uma lousa que ninguém merece!!!

(Trechos do artigo de José Carlos Antônio, retirado do blog http://professordigital.wordpress.com/ . Visite-o e leia o texto na íntegra.)

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