"Tenha em mente que tudo que você aprende na escola é trabalho de muitas gerações. Receba essa herança, honre-a, acrescente a ela e, um dia, fielmente, deposite-a nas mãos de seus filhos." (Albert Einstein)

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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

LINGUAGENS: Professor, a missão que se evapora no ar

Temos duas datas para comemorar o professor: 5 de outubro, dia mundial, e 15 de outubro, nacional. Sem falar no 26 de junho, Dia do Professor de Educação Física.


Do total de 1,8 milhão de mestres lecionando nas escolas brasileiras, um, na verdade uma, teve destaque há poucos dias. Foi a professora gaúcha que fez um aluno pintar a parede da sala de aula na qual ele havia escrito o nome dele.


A escola de Porto Alegre, recém-pintada num mutirão, e a professora viraram notícia no Brasil inteiro. Entrei nos sites de alguns jornais, de propósito nenhum gaúcho, para ver os comentários postados.


Professora, Zeca e pais

Li cerca de 300 comentários, dos quais destaco três pontos. Primeiro, que a maioria absoluta apoiou a professora. Segundo, que muitos lembraram o personagem Zeca de uma novela que acabou de sair do ar. Terceiro, que os pais do aluno foram muito criticados por não darem a devida educação ao filho.


Um comentário em especial ficou gravado na minha cabeça: uma moça de 25 anos falando que no tempo dela - e ressaltava que, pela idade, esse tempo não estava nada longe - além da bronca da professora, certamente levaria uma surra do pai. E disse isso de forma positiva, deixando claro que o pai estaria certo em castigá-la.


À parte a atitude controversa do pai, achei notável a moça demonstrar respeito ao professor, algo raro hoje em dia. Não tenho pesquisa que dê suporte a isso, mas digo com toda certeza que a maioria das pessoas da idade dessa moça para cima guarda do professor uma imagem positiva e reconhece que ele foi importante em sua vida.


Isso difere em muito do que a grande maioria dos estudantes pensa atualmente. Casos de desrespeito e agressões a professores são praticamente diários em todo Brasil.

O professor e o salário

Que a profissão de professor corre o risco de extinção já foi dito e mostrado por pesquisas através das quais vemos que poucos ainda querem assumir os riscos de ensinar.


 (...)
Como escreveu o espanhol Josep Maria Puig, um dos autores de "Educação e Valores" (Summus Editorial, 2007), é preciso "criar uma nova figura educativa que mescle o papel do pedagogo, do educador social e do animador sociocultural e se responsabilize por promover em cada escola todas aquelas atividades que em alguma medida transcendam o trabalho estrito das aulas".


É difícil imaginar como os professores conseguirão cumprir esse papel, se mal dão conta do básico, que é ensinar português, matemática, história, geografia, ciências etc. Não custa lembrar dos casos recentes de livros inadequados que estavam sendo usados para ensinar.


Juntando o salário baixo, que obriga o professor a dar o máximo de aulas para poder sobreviver; e o estresse de classes com excesso de alunos que vão lá com pouca vontade de aprender e muita de fazer outras coisas, a missão do professor é quase impossível mesmo.


Texto de Engel Paschoal, jornalista (Fonte: Uol, Educação)

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