"Tenha em mente que tudo que você aprende na escola é trabalho de muitas gerações. Receba essa herança, honre-a, acrescente a ela e, um dia, fielmente, deposite-a nas mãos de seus filhos." (Albert Einstein)

PESQUISAR NESTE BLOG

sábado, 10 de outubro de 2009

LINGUAGENS: Para um amigo anônimo

O comentário que há pouco li sobre a minha postagem "Há três tipos de professores: os que reclamam, os que explicam e os que inspiram.", de Sathya Baba, rendeu-me boas risadas e depois alguns momentos de reflexão. O comentarista, não identificado, colocou-me em xeque: você é do tipo que inspira?

Será que sou um professor que inspiro, somente explico ou reclamo demais? Realmente, amigo anônimo, acho que me enquadro nos três. Chocado? Não fique. Posso "explicar".

Sou professora de escola pública, como você já deve ter lido em meu perfil, onde me deparo constantemente com alunos desinteressados, sem estímulos, desanimados com os métodos já ultrapassados da escola pública, como o cuspe e giz, ou ainda que perpassam por exemplos familiares inadequados, tendo ainda um agravante: as salas completamente lotadas. É nesse momento que sou a professora que reclama, aquela que sozinha não pode mudar o mundo, mas tenta fazer a sua parte. Como?

Driblando o sistema que impera. Esse espaço aqui que criei, por exemplo,  é para o meu aluno, para o meu colega de profissão, para os amigos, para os curiosos (no sentido positivo da palavra)... Foi a maneira que encontrei de extrapolar, ir além dos limites da sala de aula, que muitas vezes sufoca-me e impossibilita de ir onde eu acho ser impossível. Você acha que agora sou a professora que inspiro? Ainda não. Nessa hora sou a professora que explica mesmo. Aquela convencional. A que precisa repassar o conteúdo, rápido, preciso. Necessário.

Quando inspiro?... Ah!

Inspiro porque consigo enxergar através do meu espelho pessoal a minha inteligência refletida no meu aluno. Sei que inspiro porque não sou professor medíocre que impõe o conteúdo, impossibilitando ao meu educando questionar o aprendido. Não sou insegura. Não tenho medo.

Sou aquela que ensina, também demonstrando que uma coisa é o que é mesmo, relacionanado-a com a realidade em que o rodeia. Não posso deixar de dizer que sou aquela que serve como exemplo, muitas vezes sendo objeto de demonstração. Sei que inspiro porque não ensino tudo, deixo margens para o aluno construir o resto. Não esgoto as possibilidades de compreensão. Confio na capacidade do meu educando. Não sou um ponto-final, sou uma vírgula ou um ponto-e-vírgula. Sou aquela que acha que aprender é descobrir.

Como diz um provérbio chinês: "os professores abrem a porta, mas você precisa entrar sozinho". Sempre digo aos meus alunos que "o professor é um direcionador, a aprendizagem é um ato solitário". Por isso, faço-os descobrir que podem superar a si mesmos.

Sei que nem todas as vezes obtenho sucesso, embora tente  incansavelmente.


Será que agora, amigo anônimo, respondi a sua pergunta? Mesmo assim quero agradecê-lo porque me fez pensar e descobrir que sou sim uma professora inspiradora. Obrigada.

Elisângela Santiago


                           

3 comentários:

  1. Liz,
    concordo com vc qdo diz que temos um pouco dos três.
    Acredito que somos envolvidos pela atual realidade onde familia e aluno se esquecem de mergulhar no maravilhoso mundo do conhecimento, preferindo se envolver no obscuro mundo do descontente, to entojado, sem encontrar limites que os possiilite caminhar para o amar, doar, respeitar e viver plenamente.
    Eu, professor inspiro quando uso da compaixão para com o meu aluno...
    Eu, professor ensino quando respeito o meu aluno com todas as suas limitações...
    Eu, professor reclamo quando não me respeito.

    ResponderExcluir
  2. “Não sou um ponto-final, sou uma vírgula ou um ponto-e-vírgula. Sou aquela que acha que aprender é descobrir”. Isso é belo!
    E graças a Deus que descobrir é toda hora, é todo dia. Se o conhecimento fosse verdade absoluta e alguém o seu dono, a vida se fecharia. O aprender se diluiria como bolha de sabão. E o que teria remissão, né?

    ResponderExcluir
  3. Parabéns Tia, pela brilhante exploração do seu próprio eu, que possibilitou ver de uma forma tão singela a beleza do saber ensinar.
    Parabéns a você e a todos os "meus professores" que mesmo sem saber acabam influenciando de forma precisa em nossa vida e na formação de nosso caráter.

    Bjokas, Ceci

    ResponderExcluir